Sim, eu sei que persistir em erros só me dá uma alternativa de conseqüência: me ferrar mais uma exausta vez. Acontece, que mesmo que eu não corra atrás dos erros – comocostumava fazer antes – esses erros não somem simplesmenteda minha vida como que num passe de mágica.
Acordo tarde e o dia continua se arrastando preguiçoso. Por mais que eu não queira admitir, vou acabar pensando nele em algum momento da monotonia que a minha vida se tornou. Vida errante, vida fatigada de errar tanto. Engraçado como uma pessoa que, aparentemente, não teria nada que me apeteceria em potencial, pode ter causado tanto estrago. Ele é idiota, mimado, fútil, egoísta, egocêntrico, feio, aculturado e monossilábico… E mesmo assim as monossíladas que ele grune ainda me fazem chorar.
Mil casos paralelos acontecem, mas no final é nele que eu penso. Mil pessoas entrando em cena e, simplesmente, não conseguindo sair do papel de coadjuvante. Ele é burro, preconceituoso, seco, frio e distante. Mas ainda assim é dos beijos dele que eu lembro quando estou carente. Mil coisas foram ditas, das mais sinceras às mais ofencivas. Ele pôs em questão minha índole, duvidou do meu caráter, e nem por isso consegui tirar ele da droga dos meus pensamentos.
Estou quieta no meu canto; semblante pálido de quem já não tem forças para amar. Mãos atadas, pensamentos confusos, coração partido. Se ele só me fez sofrer, se não temos nada a ver um com o outro, se as atitudes dele me irritam, se meu mundo não é o dele, se ele não me considera despojada o suficiente, se eu acho que a vida dele é fácil demais, se ele acha que a minha é muito regrada…
Como posso não para de pensar nele um segundo sequer? Como isse sentimento que sinto por um alguém tão vazio, pode me encher tanto de sensações e perguntas?
Quem nunca amou um idiota que jogue logo um pedregulho. Pedregulho porque a dor vai ser muito grande e quem sabe eu esqueça do sangue seco em minhas mãos, por há tanto tempo estar esmurrando a mesma faca enferrujada.
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