Não quero nem saber se tem luz no fim do túnel: — Quando entro nele já acendo a minha!
Todo fim de relacionamento dói. Minto, dói demais, dói cada pedacinho da alma e embora saibamos que não é uma dor física e está longe de ser uma doença, sentimos exatamente o contrário . O sofrimento é capaz de adoecer o corpo, causar calafrios, insônia e dores de cabeça. É tanta tristeza que não cabe no quarto ou nos cantos da casa. Dependendo do tempo da relação ou das promessas ditas e ouvidas, as coisas pioram uns noventa por cento, chutando alto. E por que não sentir? Por que não chorar? Cada lágrima que vai embora leva um pouquinho desta dor, cada vez que tocamos no assunto tentando entender as razões para o fim, a alma se sente mais leve e pouco a pouco as coisas voltam ao lugar. Uns demoram mais, outros demoram menos para esquecer, ainda sim esquecem, todos nós esquecemos. Pode parecer que não, mas quando nos damos conta, nem lembramos mais do que aconteceu ou porque tudo chegou ao fim, só restam as lembranças boas. Existem aquelas pessoas que não se conformam com a separação e passam dias tentando reatar a relação. Ok, eu acho válido tentar quando acreditamos que existe a possibilidade, por mais remota que seja. Ou para deitarmos a cabeça no travesseiro tendo a sensação confortável de ter ao menos tentado. Mas para tudo existe um limite, e acho que este limite tem a ver com a palavrinha “amor-próprio”, porque sinceramente, nenhuma relação seja lá de quantos anos, vale isso. Um dia passa e a gente se arrepende por cada coisa estúpida que fizemos, afinal, amor não se pede, tão pouco se cobra. Amor se sente, ou não. Se ele não quer mais, senta e chora. Aluga uma comédia romântica, chora mais um pouco. Tome litros de sorvete ou coma muito chocolate. As lágrimas secam, a dor passa e as espinhas somem, cedo ou tarde. Não sou capaz de lembrar quantas vezes eu disse que não amaria mais. Nem sei mesmo se amei todas as vezes que disse que amei. Sei que sofri terrivelmente em cada término, como se aqueles fossem os últimos momentos da minha vida. Eu esbravejei e me senti o ser humano mais azarado que já viveu neste planeta, chorei horas trancada no quarto enquanto me perguntava: “Porque ela? Porque não eu? Porque não eu? Porque não eu? Porque nunca eu?”. Mas é uma delicia saber que passa, sempre passa. Não passou ainda, mas vai passar. Por isso eu amo, e me perco, e me acho, e ressucito mil vezes com a alegria de quem viveu apenas uma vez. Mário Quintana escreveu: “É tão bom morrer de amor e continuar vivendo”, eu concordo.
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